O “Programa de Formação em Saúde, Gênero e Trabalho nas Escolas Públicas” visa simultaneamente melhor compreender e transformar o trabalho em suas relações com a saúde, considerando a transversalidade das relações sociais de gênero, isto é, sua presença/influência em todos os espaços sociais.Trata-se de um programa de pesquisas articulado à formação do conjunto de trabalhadores(as) de escola interessados(as) (professores(as), diretores(as), merendeiras e auxiliares de serviço, vigilantes etc.) para co-atuar neste empreendimento.

A proposta foi desenvolvida após uma avaliação de que, para o tratamento da problemática em foco (subjetivação, saúde, gênero & trabalho nas escolas públicas), seria necessário que se conjugassem pesquisas sistemáticas, debates contínuos entre pesquisadores(as) e trabalhadores(as) de escola e ações cotidianas nos locais de trabalho. Não obstante o patrimônio presente na comunidade científica sobre as relações entre condições de vida, trabalho e saúde dos trabalhadores de escola, entendemos que a transformação das condições de trabalho exige um outro tipo de dispositivo, em que o patrimônio de conhecimento já produzido seja socializado e colocado em debate de modo sistemático.

A elaboração de um projeto, no início de 2000, aprovado e financiado pelo Fundo de Igualdade de Gênero da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (FIG/CIDA), permitiu a sistematização de um método e seu desenvolvimento no estado do Rio de Janeiro e no município de João Pessoa/PB, com a parceria do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE-RJ) e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de João Pessoa (SINTEM). Os encaminhamentos do Programa de Formação foram dados por uma rede formada por pesquisadores(as) do CESTEH/ENSP/FIOCRUZ (Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade Federal da Paraíba (UFPb) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), através de seus Grupos de Pesquisa (cujos nomes constam da apresentação da equipe). Posteriormente, foi implementado no Espírito Santo, tendo à frente um grupo de pesquisadores(as) da Universidade federal do Espírito Santo – UFES, que também colaboraram com seu desenvolvimento no Rio e em João pessoa. E, certamente, esta proposta inspirou outras iniciativas, como a que vem sendo encaminhada pelo Centro de Referência da Saúde do Trabalhador de Tocantins,juntamente com a Secretaria de Educação (SEDUC-TO).

O Programa de Formação baseia-se na constituição do que denominamos de Comunidade Ampliada de Pesquisa (CAP), um espaço de diálogo-confrontação-cooperação entre saberes – científicos e práticos. O método proposto, que pode ser definido como de Promoção da Saúde a partir das Situações de Trabalho (PSST), foi sistematizado em duas publicações para uso no referido Programa. A primeira é relativa à preparação metodológica: Caderno de Método e Procedimentos. A outra reúne um conjunto de textos propostos para discussão, o Caderno de Textos. Essas publicações estão sendo agora disponibilizadas através deste site, juntamente com o Caderno de Relatos de Experiências, que reúne textos elaborados pelos(as) trabalhadores(as) que participaram do início desta experimentação no estado do Rio e em João Pessoa. Disponibilizamos também o vídeo que resume a proposta e os desdobramentos do Programa de Formação: “Trabalhar na Escola? Só inventando o prazer”.

Em 2002 as CAPs formadas nas duas regiões se reuniram nas duas capitais. O “Encontrão das CAPs”, tanto do Rio quanto de João Pessoa, proporcionou uma maior visibilidade às ações empreendidas pelos(as) participantes do Programa de Formação nas escolas na busca de promoção da saúde, com o relato de várias experiências.

Destacamos, por fim, que uma série de eventos promotores de saúde foram e continuam a ser produzidos a partir dessa experimentação, tendo como ponto de partida um olhar à lupa sobre as situações singulares de trabalho e a experiência dos(as) protagonistas da atividade.