TAREFA E ATIVIDADE DE AUXILIARES DE CRECHE
1 Auxiliar de creche 1: Teoricamente é de forma mais administrativa. Não é um trabalho pedagógico nem algo relacionado a isso. As funções do auxiliar de creche é o quê? Cuidar pra ver se criança tá limpa, dar banho, limpar bumbum, trocar as fraldas, é isso!
2 Auxiliar de creche 2: Brincar com ele.
3 Auxiliar de creche 1: Legalmente falando ele teria que fazer isso. A função dele é essa, só que ele não faz isso. Ele faz a mais. Então, quem entra dentro de uma sala suja como ele, teoricamente ele vai fazer o trabalho de uma maneira bem… Porque ele não vai entrar na sala sozinho, ele vai ter as pessoas com ele pra auxiliar ali. E essas pessoas que já são podem auxiliá-lo no trabalho tranquilo. “olha aí a criança e tal!” Teoricamente ele pode fazer isso. Ele tem o poder de entrar na sala e fazer o trabalho.
4 Pesquisador 2: A questão que você colocou, eu acho que foi a L. que trouxe uma outra questão, ela falou, né? Criança que morde, criança que agride e que a gente tem que saber como lidar com aquilo pra… então, assim eu tô querendo redimensionar isso que você trouxe que parece que não é algo tão simples assim não, nem é tão administrativo. Você mesmo tá dando uma outra dimensão aí.
5 Pesquisador 3: Eu tava querendo também falar.
6 Auxiliar de creche 3: Eu já tô tendo taquicardia (risos) Não, assim me causa espanto ele falar que é um trabalho simples que pra mim não é.
7 Auxiliar de creche 2: Não é não!
8 Auxiliar de creche 3: Não é, sabe…
9 Auxiliar de creche 2: Criança doente…
10 Auxiliar de creche 3: Eu já trabalho há um tempo e eu acho que o que o W. (AC1) está se referindo é só o que está no edital, ao que o cargo…
11 Pesquisador 3: …. ao prescrito.
12 Auxiliar de creche 3: … mas não à situação real. Porque eu não consigo entender “muito simples”. Porque não é só o cuidar. O dar o banho. Aquele dar banho também tem um cunho pedagógico. O dar a comida também tem um cunho pedagógico. E assim, em todos os momentos a gente se preocupa em direcionar qualquer atividade que seja a nossa atividade dentro da creche pra um objetivo. A gente tem um objetivo. Mesmo quando você tá dando banho, você tá dando comida que parece pra algumas pessoas coisas simples. Por exemplo, digamos assim, não seja ignorante um auxiliar de serviços gerais que não tenha capacidade de fazer isso na minha creche. Inclusive teve uma que era auxiliar de serviços gerais e que atualmente tá como recreadora e é muito capaz. Mas eu percebo assim, é… como é que uma pessoa que não conhece o desenvolvimento da criança, por exemplo, não tenha a percepção – alguém aqui comentou: “a criança não tá comendo porque mudou de professora”. Então, como é que vai ser atuação dessa pessoa que não tem esse olhar diferenciado? Se acha que aquilo ali é só um corpo que está sendo cuidado. E a cabeça fica aonde? E a mente? A gente tem que trabalhar o todo, o ser humano. Então assim, me dá até taquicardia quando eu escuto ele falando que é simples. Não é. (várias vozes)
13 Auxiliar de creche 1: Quando eu digo que é simples, se eu tiro todas as questões envolvidas assim de coisa… é simples no sentido de que há limitativos, entendeu? É claro que existem essas peculiaridades de que é um trabalho complexo. Acho que também não fui muito feliz quando falei que era simples. (várias vozes)
14 Auxiliar de creche 3: Nem o trabalho administrativo era simples. (várias vozes)
* Extrato extraído de discussão em encontro da CAP no âmbito de um curso realizado no Rio de Janeiro em 2008
Comentários:
Vemos que a ação linguageira do AC1 (homem) sofre o impacto dos diferentes sujeitos do diálogo (a maioria mulheres), mas principalmente da atividade linguageira de AC3 (linha 6) para quem seu enunciado oferece uma imagem distorcida do que é para ela o trabalho de auxiliar de creche, levando-a a uma contrapalavra. Nela, AC3 demonstra que identifica a intencionalidade de AC1 em relação à ação de demandar e justificar a presença e ajuda de outro profissional da equipe, ausente: um auxiliar de limpeza (“Por exemplo, digamos assim não seja ignorante um auxiliar de serviços gerais [...]” – linha 12), mas não abandona, por sua vez, o projeto de compartilhar sua própria experiência e emoção “Então assim, me dá até taquicardia quando eu escuto ele falando que é simples, não é” (final linha 12). AC1 é levado a rever a descrição que faz, que talvez esteja contaminada pela não valorização profissional presente na experiência masculina com relação às atividades de cuidados de higiene com crianças pequenas. A situação dialógica na CAP produz meios para se buscar novos objetivos, como repensar o que se disse para dizer novamente: “É claro que existem essas peculiaridades de que é um trabalho complexo. Acho que também não fui muito feliz quando falei que era simples” (linha 13).
Mas perdura até o final a ausência de enfrentamento de algo fundamental, embora remeta a uma ação que extrapola o poder daqueles interlocutores presenciais no diálogo: a distorção profissional da figura do auxiliar de creche. Dado o processo de precarização da rede escolar, a própria tarefa fica distorcida pela ausência de outro profissional imprescindível na equipe, a figura do “auxiliar de serviços”: “Porque ele não vai entrar na sala sozinho, ele vai ter as pessoas com ele pra auxiliar ali” (linha 3).
O AC que responde inicialmente à pergunta do Pesquisador 1 coloca o problema, entretanto não o faz de forma direta nem colocando as palavras em seu devido lugar. Ao apontar para o que na fala 13 passou a designar como “limitativos”, ele inicialmente verbaliza usando a seguinte expressão: “de forma mais administrativa” (não explicitando claramente que se trata de tarefas que seriam função de “profissionais de apoio”, como os chamados “auxiliares de serviços gerais”).
Claro, a questão da divisão sexual do trabalho e o preconceito machista devem ser mesmo colocados em análise. Mas sem colaborar para esconder outra dimensão absolutamente fundamental que é a composição da equipe de trabalho em uma creche, um coletivo que deve ser respeitado e defendido da violência de eventuais governantes no poder de Estado.
gostaria de saber faixa etária de um berçário? e quantas auxiliares tem que ter por cada criança? se berçário só precisa de auxiliar ou tem que ter PEI? Em caso do NÂO cumprimento do quantitativo, onde procurar ajuda para a lei ser cumprida, já que no caso de um acidente a culpa recairá sobre a auxiliar que tem que zelar pala alimentação, higiene, segurança e ainda tem que fazer a parte do PEI.
gostaria de saber se auxiliar de creche tem que fazer faxina na creche.onde trabalho não tem refeitório e usamos o refeitório da escola,é minha obrigação limpar o refeitório?me responda se puder por favor.agradeço.cida
o que faz um auxiliar de creche?